2.7.21

Pesquisa do Butantan confirma que imunização só se completa com 2ª dose da vacina.

                          71% dos positivos haviam tomado só uma dose

A terceira fase do inquérito domiciliar que o Instituto Butantan está realizando no município de Batatais, no interior de São Paulo, confirmou a necessidade de tomar as duas doses da vacina contra a Covid-19 para ficar protegido. De acordo com o estudo, que avalia a incidência do vírus SARS-CoV-2 na cidade, 71% dos casos analisados entre os dias 24 e 26/6 que deram positivo para a doença eram de pessoas que só haviam tomado a primeira dose da vacina.

Esse indicador confirma o que os cientistas do Butantan vêm afirmando há meses: a necessidade de que as pessoas que receberam a primeira dose da vacina voltem aos postos de saúde para tomar também a segunda dose. No caso da CoronaVac, vacina do Butantan produzida em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, a eficácia global é de 62,3% se o intervalo entre as duas doses foi maior ou igual a 21 dias. Somente com a primeira dose, o esquema vacinal e, consequentemente, a imunização ficam incompletos.

O inquérito domiciliar do tipo seriado faz parte do projeto Isolamento Inteligente, que o Butantan realiza em Batatais e Taquaritinga em parceria com as respectivas prefeituras. A cada duas semanas, uma equipe de agentes de saúde visita domicílios sorteados e realiza, em todos os moradores da casa, testes rápidos RT-PCR. O objetivo é estimar a incidência de SARS-CoV-2 nas populações dos dois municípios, acompanhar os casos positivos e as pessoas que entraram em contato com eles via Contact Tracing e avaliar dados secundários dos óbitos causados pela doença.

Entre 24 e 26/6, foram visitados 485 domicílios, nos quais foram entrevistadas e examinadas 829 pessoas. Dentre as pessoas que testaram positivo para Covid-19, a maioria era do sexo feminino (86%), tinha entre 50 e 69 anos (72%) e não possuía comorbidades (57%). Nenhuma das pessoas infectadas havia viajado recentemente.

Um indicador importante é que, como já havia sido identificado nas semanas anteriores, o inquérito apontou que a maioria dos positivos estava assintomática no momento do teste (86%). Além disso, a maioria das pessoas com Covid-19 relatou não ter tido contato com alguém que testou positivo para SARS-CoV-2 (71%), nem com casos suspeitos (86%).

O estudo mostrou uma incidência de 0,84% da presença do vírus em Batatais – na primeira fase do inquérito (29 a 31/5), a incidência foi de 1,86%, e na segunda (10 a 12/6), de 1,06%. Ao projetar a incidência encontrada na terceira fase na população total da cidade (63 mil habitantes), a estimativa é que haja 529 moradores com a doença.

Além do inquérito domiciliar seriado, faz parte do projeto Isolamento Inteligente a aplicação de uma estratégia de combate à pandemia a partir do isolamento de quem estiver com diagnóstico confirmado de Covid-19. A população de Batatais e Taquaritinga é incentivada a baixar o aplicativo Tainá/GHM e realizar diariamente uma autoavaliação de possíveis sintomas. Se a autoavaliação apontar que o morador pode estar com a doença, ele é orientado a se dirigir a uma UBS e fazer um exame de detecção de Covid-19. O laudo é enviado pelo aplicativo Tainá/GHM; se der positivo para Covid-19, o morador deve se isolar e ficar em casa.

Esta foto foi gentilmente cedida da Prefeitura Municipal de Batatais
Fonte:  Site do Butantan. SP.

Dados que vão além da eficácia: CoronaVac é a primeira vacina a comprovar sua efetividade no mundo real

Estudos clínicos de fase 1, 2 e 3 e pesquisas de efetividade de vacinas têm finalidades diferentes. Os ensaios clínicos clássicos se dedicam a descobrir dados de segurança e eficácia dos produtos. Isso é feito por meio de testes, divididos em fases, em alguns milhares de indivíduos. O conceito avalia se um imunizante consegue ou não proteger o organismo de uma doença, fazendo a comparação entre casos leves, moderados, graves e óbitos de voluntários que contraíram a doença - quem recebeu a vacina e quem recebeu placebo. Neste caso, o ambiente dos estudos é controlado. 

Mas como medir o impacto da vacina em um ambiente não monitorado? A CoronaVac, vacina do Butantan contra a Covid-19 feita em parceria com a biofarmacêutica chinesa Sinovac, foi a primeira vacina a ser testada em uma população inteira, ou seja, comprovou sua efetividade também no mundo real, além dos ensaios clínicos de eficácia.

 

No estudo realizado pelo Instituto Butantan na cidade de Serrana, denominado Projeto S, a CoronaVac se provou também eficiente. Ao atingir-se uma cobertura vacinal de aproximadamente 75% da população adulta do município, foi possível controlar a epidemia no local. Além de evitar a grande maioria das internações e óbitos por Covid-19, a vacinação conseguiu diminuir a transmissão do vírus - beneficiando, inclusive, os habitantes que não se aplicavam aos critérios de inclusão da pesquisa e não haviam se imunizado.

Foram quase 28 mil adultos vacinados, sendo que aproximadamente 10 mil deles transitam diariamente entre Serrana e Ribeirão Preto - cidade da região onde há alta de casos de Covid-19. A aplicação da CoronaVac fez os casos sintomáticos de Covid-19 caírem 80%, as internações, 86%, e as mortes, 95% em Serrana. As próximas etapas do projeto ainda pretendem descobrir mais sobre a imunização alcançada e o tempo de duração de anticorpos.

Todas as vacinas aprovadas para aplicação no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) passaram por rigorosos testes para comprovar sua eficácia e seu perfil de segurança. Porém, os ensaios clínicos de fase 1, 2 e 3 realizados até o momento focaram seus testes em descobrir se o imunizante pode impedir o agravamento da doença, mas não sua transmissão.  

Em coletiva de imprensa realizada no Palácio dos Bandeirantes nesta quarta (30), o infectologista e diretor da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) Renato Kfouri explicou que o sucesso de um programa de vacinação depende da cobertura vacinal com as duas doses e da velocidade com que se consegue imunizar a população. “Serrana é um exemplo clássico. Mostra que quanto mais rápido vacinarmos a população, mais rápido poderemos conter a transmissão da doença”, diz o médico.

Sobre os estudos de efetividade, ele também destacou a recente pesquisa do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC/USP), anunciada na mesma ocasião. A vacinação com a CoronaVac fez os casos de Covid-19 entre os 22 mil funcionários da instituição caírem quase 80% após a segunda dose, mesmo em uma população altamente exposta ao vírus, como é o caso dos profissionais de saúde. 

"Esses dados têm se acumulado. No Uruguai e no Chile [países em que a CoronaVac tem sido aplicada] tivemos uma redução espetacular de internações e óbitos, mas também na transmissão dos casos leves. São os dados que a gente espera obter aqui no Brasil", completa o diretor da SBIm.

Fonte: Site do Instituto Butantan.

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